Tuesday, February 07, 2006

Falhar um objectivo, estar preparado para o imprevisto


Recentemente fiz uma caminhada com o objectivo de chegar ao Pé de Cabril - um dos pontos mais altos do Gerês - passando pela fenda da Calcedónia. Era uma caminhada que me pareceu exigente e fui com algumas dúvidas sobre o trajecto e sobre minha forma física. O Pé de Cabril era, e é, um dos locais que sinalizei como objectivo quando comecei com as caminhadas. É uma das glórias da Serra do Gerês, como o descreve Miguel Torga, e uma fase final de difícil acesso.

A subida à Calcedónia foi feita em bom ritmo e mais uma vez senti os efeitos de inactividade. À entrada é sempre a mesma coisa, receios em entrar e como o grupo era grande demorámos muito tempo. Fui ficando para último e acabei por ter que ajudar um colega que fez uma luxação num ombro. Não foi fácil sair da fenda com ele, mas com calma e graças à sua capacidade de sofrimento foi possível levá-lo até à estrada. Aí fomos socorridos pelos Bombeiros Voluntários de Terras de Bouro que o trouxeram para o Hospital de Braga. Não foi nada de grave mas veio provar a importância de estarmos preparados para o imprevisto e pequenos pormenores demonstraram que não estávamos. Na aflição de socorrer, um de nós desceu a encosta até Covide até encontrar um pastor - a nossa ideia era ir buscar um dos nossos carros - quando teria sido tão fácil telefonar directamente aos Bombeiros.

Após o almoço continuamos. O trilho a fazer era diferente do que esperava. A ideia era fazer um trilho que cortava por dentro do mato, só que, ou pelo trilho estar fechado, ou por outra razão perdemo-nos e tivemos que improvisar uma ligação. Dei por mim em locais complicados e com a noção que não havia outro remédio que andar em frente. Mais que pedestrianismo fizemos escalada, subindo uma pendente sobre a vila do Gerês. Com o incidente da manhã fresco na memória, só pedia que ninguém se aleijasse porque seria um sarilho dos grandes. Com 22 pessoas, algumas com pouca preparação, o trilho que estávamos a fazer era muito complicado. Atingido o topo, encontrámos rapidamente o trilho mas já tínhamos perdido demasiado tempo. A tarde já não garantia luz suficiente para ir ao Pé de Cabril e numa pequena reunião decidimos descer. Decisão que se revelou acertada porque depois de chegarmos aos carros só tivemos mais meia hora de luz.

Falhei o objectivo, mas já sei como lá chegar e não tenho dúvidas que lá voltarei em breve. Ainda não foi desta que subi ao Pé de Cabril mas espero não ter falhado a lição da necessidade de um bom planeamento. Os "imprevisto" devem estar todos preparados. Nos próximos tempos vou fazer um seguro.

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