São apenas notas soltas sem qualquer compromisso de actualização. Como ao caminhar à beira mar onde os nossos passos não são mais importantes mas ficam registados entre duas ondas.
Saturday, December 25, 2010
Um vazio à mesa
Em recordação do meu pai no primeiro Natal em que não esteve connosco.
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o Nada a sós comigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que o Nada retome a cor do Infinito.
Ladainha dos póstumos Natais, David Mourão-Ferreira, in "Cancioneiro de Natal"
Etiquetas:
Pai
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2 comments:
Um abraço muito, muito apertado de sentimento pela tua dor e de saudades tuas: da tua inteligência, do teu bom humor, em resumo, da tua boa companhia.
Obrigado Esteva, eu também tenho saudades da alegria que emprestas a todas as caminhadas em que participas. Quanto ao resto são só exageros de amizade. 2011 permitirá oportunidades para caminharmos juntos.
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