Wednesday, February 02, 2011

"No creo em brujas, pero que las hay, las hay"


Na revisão do POPNPG o que me preocupou mais foi a sua utilização no âmbito da estratégia da adesão ao PAN Park. Sempre tive claro que essa era principal motivação desta revisão. As razões porque considero esta adesão errada já as expliquei por diversas vezes, mas dentro destas há duas que se destacam:

a) a dificuldade de num parque de 70.000 ha encontrar a área de 10.000 ha de wilderness;
b) o desacordo com a visão fundamentalista sobre a gestão das áreas naturais nas quais o homem parece não ter lugar.

Enquanto não conhecemos o novo POPNPG decidi proceder à divulgação de extractos dos relatórios que foram públicos na fase de discussão pública. S´é enganado quem quer, porque a estratégia está perfeitamente delineada e este POPNPG é só a primeira das fases. A seguinte a ser concluída nos próximos 10 anos é fazer da zona alta da Serra do Gerês os 10.000 ha wilderness.

Nós últimos tempo comecei a acreditar ainda mais que há um sério risco que essa área acabe por ficar monopólio da exploração comercial da visitação ao PNPG. É que há alguns sinais que isso possa vir a acontecer. O método até seria simples, bastaria viciar o acesso às licenças ou tornar obrigatório a presença de um guia certificado. Pela simples via administrativa fechava-se a Serra às caminhadas informais e protegia-se o negócio do PAN Park.

Dois extratos do Relatório da 2ª fase Diagnóstico:
5.1. – O estado de conservação e a certificação Pan Park (pag 115)

"Um dos aspectos que distingue o Parque Nacional da Peneda-Gerês de outras áreas protegidas em Portugal é o da existência de uma zona núcleo de habitats naturais não fragmentados com mais de 10 000 ha, que compreende toda a parte alta da Serra do Gerês. Para alem desta área que faz parte integrante da actual área de ambiente natural, existem ainda outras áreas em excelente estado de conservação no Parque Nacional da Peneda-Gerês, como seja a Mata do Ramiscal, a Serra da Peneda, a encosta da Serra Amarela virada a Vilarinho, e os Planalto de Castro Laboreiro e da Mourela. Estas zonas ou fazem parte da actual área de ambiente natural ou estão identificadas como zonas prioritárias para conservação na proposta de zonamento que integra este relatório."
 
(...)

"A certificação PAN Parks traz o importante desafio de aumentar a actual área de Zona de Protecção Total na Serra do Gerês para um valor de 10 000ha ao longo dos próximos 10 anos, a “core wilderness area” ou zona núcleo do PAN Park. Assim, e concebendo a possibilidade de que o plano agora em elaboração venha a ser revisto no final deste período, será importante atingir já com este plano uma Zona de Protecção Total na Serra do Gerês na casa dos 5 000 ha. Note-se que isto não implica que essa Zona de Protecção Total seja fechada aos visitantes. Pelo contrário, a abordagem PAN Parks promove o conceito de visitação destas áreas, ainda que de forma controlada. O que é essencial é que nesta zona não haja nenhum tipo de actividade humana que altere a dinâmica natural dos ecossistemas, como são as actividades extractivas. Nestas actividades interditas na zona núcleo do PNPG inclui-se a pastorícia, embora tenha sido aceite pelos verificadores internacionais do PAN Parks a manutenção dos cavalos em regime silvestre na zona núcleo, pois são ecologicamente idênticos aos cavalos selvagens que outrora ocupavam estas áreas.

Por forma a controlar o número de visitas à zona núcleo do PNPG, irá ser implementado um sistema de licenças com limites diários rigorosos e serão devidamente identificados os trilhos que os visitantes podem percorrer. As saídas dos trilhos em Zona de Protecção Total serão interditas. As visitas poderão ainda ser acompanhadas por guias de natureza devidamente certificados, para maior grau de segurança e usufruto dos visitantes.

A ideia de abrir a Zona de Protecção Total aos visitantes permite explorar novas oportunidades de turismo sustentável no Parque Nacional da Peneda-Gerês. Quem não estará interessado em conhecer um dos últimos espaços “selvagens” da Europa? É também a partir desta mensagem que a Fundação PAN Parks promove o turismo nos Parques Nacionais que fazem parte da sua rede. Aliás, um dos fundadores da PAN Parks é a Molecaten, que é uma empresa de turismo que se dedica a promover destinos naturais de eleição. Assim, a certificação PAN Parks para alem de elevar a fasquia para a gestão da natureza e da biodiversidade no PNPG, põe o PNPG na rota dos melhores destinos naturais da Europa.

A combinação da conservação da natureza e do desenvolvimento económico através da promoção do turismo sustentável propicia uma metodologia de promoção das melhores práticas na gestão das áreas protegidas. Note-se que a Direcção Geral do Ambiente da União Europeia, na Conferência “Rede Natura 2000 e Turismo Sustentável” realizada em Lisboa, em 1999, referiu o PAN Parks como sendo uma das mais relevantes iniciativas para a gestão do turismo sustentável nos Sítios da Rede Natura 2000.

A oportunidade de um turismo internacional de qualidade que é aberta pela certificação PAN Parks só poderá ser devidamente aproveitada caso haja um empenho nesta visão de todos os agentes económicos no PNPG. A abordagem PAN Parks promove um conjunto alargado de parcerias que manterão unidos a entidade gestora da área protegida, a comunidade local e os empresários. A certificação dos parceiros locais pela PAN Parks irá na prática atestar da qualidade que os nossos alojamentos, restaurantes e empresas de animação podem oferecer. Os parceiros locais poderão depois utilizar o logotipo PAN Parks na promoção das suas actividades, que é cada vez mais uma marca de qualidade reconhecida internacionalmente. A ligação entre o PAN Parks e a WWF e a possibilidade de utilização do logótipo da WWF – o Panda, mundialmente conhecido – fortalece ainda mais a imagem PAN Parks.

Por fim, a Fundação PAN Parks apoia de perto as entidades gestores das áreas protegidas e os seus parceiros na implementação de projectos que beneficiem quer o ambiente quer a comunidade local. Um turismo local de proximidade e de pequena escala é a chave para o desenvolvimento rural nas áreas protegidas. A Fundação PAN Parks tem vindo a desenvolver parcerias com operadores turísticos de toda a Europa. Esses operadores estão comprometidos com os objectivos de conservação das áreas protegidas e sensibilizados para o recurso a parceiros turísticos locais certificados para o desenvolvimento das suas actividades e serviços."

1 comment:

Anonymous said...

Olá!

não sei se já leste, mas aqui fica

procura nesta lista as entradas dos tópicos "rewilding europe" e dos diversos "um por cento..."

J.