Já algum tempo que desisti de tentar descrever as paisagens por onde passo na serra. O mais importante é preservar as emoções que elas nos despertam e para o resto existem as máquinas fotográficas. Infelizmente, devido a uma traição tecnológica, dos dois dias de serra do último fim de semana poucas memórias fotográficas ficarão. Para já tenho apenas a foto que ilustra este post. Uma vista diferente do vale das Fichinhas.
O convite para esta caminhada veio de uma amiga que partilha da mesma paixão pelo PNPG. Na verdade, serei eu que partilho com a Dorita a mesma paixão. Poucas pessoas conhecerão tão bem a zona oriental do PNPG como ela. Os pastores e outros residentes foram-lhe transmitindo informações privilegiadas, pelo que caminhar com ela é sempre descobrir coisas novas. O pretexto era explorar Porta Ruivas - um local muito pouco visitado e normalmente identificado por Sombrosas - e serviria também para reencontrar o Fernando, um amigo que conheci, através dela, em condições que já descrevi aqui.
Com pena minha, os meus companheiros da “aventura” de Fevereiro não se puderam juntar destas vez, mas teriam gostado de estar presentes. Pela caminhada e para reencontrar o Fernando.
Esta caminhada serviu ainda para o Fernando iniciar a sua filha Verónica, de 12 anos, nestas coisas de montanha. Os avós viam sair a neta com alguma preocupação, mas podem ter orgulho na fibra que revelou e que deve vir do berço.
O grupo ficou constituído por mim, pela Dorita (White Angel), pelo Fernando, pela Verónica e pelo Leão – um pastor alemão belíssimo que já tinha acompanhado o Fernando em Fevereiro.
Se explorar Porta Ruivas era um dos atractivos da caminhada, o Fernando juntou-lhe outro ao propor irmos até ao local da dormida – lagoas do Marinho - por um trilho que há muito me despertava a curiosidade e que permitiu ainda conhecer os fojos de lobo de Pincães e de Alcântara.
Nas lagoas encontramos alguns residentes e naturais que estavam a passar o dia na serra e me fizeram pensar nas velhas polémicas entre o Parque e a população. Na sua maioria trabalham ou trabalharam fora da aldeia, mas aproveitam o Verão para voltar à "sua" serra. Esta apropriação não é apenas imaterial, porque, para além dos outros que são propriedade colectiva, alguns dos terrenos foram ou são das suas famílias. Se a serra já não é, como foi, a sustentação económica das populações é uma parte fundamental da sua identidade cultural. Um valor que o Parque precisa de considerar e valorizar como os outros valores que motivaram a sua criação. Conseguir o equilíbrio entre eles foi o desafio identificado no artigo publicado no número de Agosto da revista National Geografic, mais propriamente o desafio de preservar os valores ambientais respeitando as populações. Eu tenho sérias dúvidas que essa tenha sido a prioridade do PNPG nos últimos anos.
Ao jantar tivemos ainda a companhia de mais 3 companheiros de Vila do Conde com quem confraternizamos até o cansaço nos vencer. Há quem apenas goste de dormir em bons hotéis, mas, apesar da dureza do “colchão”, mas não me faltaram estrelas lá em cima. Faltou-me a minha "Ariane"que ficou em casa a carregar o sonho.
Acordar na serra é uma sensação especial que todos deviam experimentar pelo menos uma vez na vida e depois do pequeno-almoço foi cheios de curiosidade que iniciámos a marcha. O destino era alcançar Porta Ruivas pelo norte.
Seguindo o caminho pelas minas do Borrageiro - em direcção ao que os pastores chamam serra dos bois - tomamos o trilho que nos levaria até aos Prados da Messe. No Curral dos Bezerros desviamo-nos em direcção a sul e encontramos um trilho perfeitamente definido. Foi sem grandes dificuldades que chegamos a um pequeno curral - que identificamos como curral de Porta Ruivas - onde algumas vacas a pastavam livremente. A partir deste curral continuamos a seguir as mariolas que, embora perfeitamente visíveis e em grande número, nos levaram por um trilho complicado e fechado. Um pouco mais à nossa esquerda era visível um outro trilho que acredito ser mais fácil de seguir. Um trilho que julgo ter início no estradão de acesso ao Porto da Lage . Depois de uma paragem para refrescar no Porto da Lage seguimos o trilho que nos levou até Fafião.
Seguindo o caminho pelas minas do Borrageiro - em direcção ao que os pastores chamam serra dos bois - tomamos o trilho que nos levaria até aos Prados da Messe. No Curral dos Bezerros desviamo-nos em direcção a sul e encontramos um trilho perfeitamente definido. Foi sem grandes dificuldades que chegamos a um pequeno curral - que identificamos como curral de Porta Ruivas - onde algumas vacas a pastavam livremente. A partir deste curral continuamos a seguir as mariolas que, embora perfeitamente visíveis e em grande número, nos levaram por um trilho complicado e fechado. Um pouco mais à nossa esquerda era visível um outro trilho que acredito ser mais fácil de seguir. Um trilho que julgo ter início no estradão de acesso ao Porto da Lage . Depois de uma paragem para refrescar no Porto da Lage seguimos o trilho que nos levou até Fafião.
Nota 1
Desde a publicação do POPNPG que me impus alguma reserva na descrição das caminhadas e pode parecer estranho que a tenha quebrado. Particularmente quando assumo uma dormida na serra. Faço-o porque na minha interpretação a actividade está perfeitamente legitimada. O POPNPG estabelece que a pernoita na serra é dormir ao relento abrigado em bivaque ou pequena tenda, mas eu dormi dentro de uma construção em pedra e alvenaria. A caminhada, considerando o nº de participantes, ainda que em ambiente natural, também não necessitavam de qualquer autorização prévia.
Desde a publicação do POPNPG que me impus alguma reserva na descrição das caminhadas e pode parecer estranho que a tenha quebrado. Particularmente quando assumo uma dormida na serra. Faço-o porque na minha interpretação a actividade está perfeitamente legitimada. O POPNPG estabelece que a pernoita na serra é dormir ao relento abrigado em bivaque ou pequena tenda, mas eu dormi dentro de uma construção em pedra e alvenaria. A caminhada, considerando o nº de participantes, ainda que em ambiente natural, também não necessitavam de qualquer autorização prévia.
Nota 2
Relativamente à partilha do track GPS aqui confesso que mantenho as minhas dúvidas. No entanto, considerando que todo percurso está marcado por mariolas, não vejo razões para não o fazer. Trata-se de um trilho de elevado grau de dificuldade física, mas espectacular. A decisão de o realizar deve ser muito bem ponderada avaliando as nossas condições e as condições exteriores. Condições climatéricas adversas podem tornar este trilho muito perigoso.
Relativamente à partilha do track GPS aqui confesso que mantenho as minhas dúvidas. No entanto, considerando que todo percurso está marcado por mariolas, não vejo razões para não o fazer. Trata-se de um trilho de elevado grau de dificuldade física, mas espectacular. A decisão de o realizar deve ser muito bem ponderada avaliando as nossas condições e as condições exteriores. Condições climatéricas adversas podem tornar este trilho muito perigoso.
2 comments:
Louro,
Caminhar ao teu lado é sempre um privilegio :)
Adorei... e claro que aqui concordo com a divulgação do trilho, tal como referes eles esta devidamente mariolado de principio ao fin, muito dificil mas esplendido. Caminhar num trilho concordo, for dele ou corta-mato ja sabes o que penso.
Beijinhos
Olá Louro!
Adorei esta frase:
"Há quem apenas goste de dormir em bons hotéis, mas, apesar da dureza do “colchão”, mas não me faltaram estrelas lá em cima."
Adorei também a descrição desses dois dias, ainda para mais com uma excelente companhia como a Dorita, a única que conheço e que é um doce de pessoa!!
Parabéns à pequena Verónica que já fez uma coisa que ainda não tive oportunidade de experimentar: Dormir na serra!
Um abraço
Lírio
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