Desde que os vi, desde a capela de S. João da Fraga, que os queria visitar. Primeiro foi o rendilhado que faziam no horizonte que me atraiu, depois percebi como estavam ligados com a história do Barroso. Era por lá que os monges se diriguiam a Espanha e terá sido lá que morreu Fr. Gonçalo Coelho ao retornar de Santa Maria de Cela (Espanha).
No último fim de semana pude finalmente conhecer-los. Os meus companheiros e companheiras de caminhada guiaram-me por caminheiros de pé posto desde a Fraga de S. João. Caminhos que infelizmente se vão perdendo da memória dos homens ao ritmo do crescimento da vegetação. No regresso optamos pelo caminho que o Padre Fontes publicou no seu site e que seria o caminho de Fr. Gonçalo Coelho:
"Saia do Eiró, largo social da aldeia, beba na fonte ao lado, abasteças-se de pão, presunto, chouriça, um cajado e bom calçado, de borracha, se for a pé. Pode também ir de carro, ou a cavalo. Passe pelo forno do povo, todo coberto a granito e compre lá uma broa escura que sabe pela vida. Dirija-se ao alto da aldeia, pela casa fiscal, pela ribeira de Valongo. Pode ir de carro até à fraga de espinheira. Siga a pé, atravesse a ribeira dos Fornos, contorne a Fraga de Burzaleite(1413) e está em Fonte Fria. Suba fácil até aos píncaros e cornos de Fonte Fria, 1456 m, que também fazem fronteira com Espanha. Veja as enormes fragas de Espinheira, Burzaleite, Carvalhosa, Roca Sandeia. Faça escalda com amigos. Cheire a vegetação de aroma intenso, a urze rocha, a giesta branca e amarela, o sabugueiro, a carqueija. Entre Maio e Julho, descubra a 1500 m, os lírios do Gerês, únicos no mundo. Beba água em todas as fontes, coma arandos entre as fragas, apanhe chás dos melhores do mundo, de hipericão, de carqueija, giesta banca, urze, abetónica, teixo, erva erótica da Rita, etc."
Não subi aos píncaros. Fiquei-me na "segurança" de uma plataforma na face Norte a menos de 2 metros do topo. A subida até teria sido fácil, mas não confiei na descida. Numa nova oportunidade talvez me cresçam as asas de Ícaro...
No último fim de semana pude finalmente conhecer-los. Os meus companheiros e companheiras de caminhada guiaram-me por caminheiros de pé posto desde a Fraga de S. João. Caminhos que infelizmente se vão perdendo da memória dos homens ao ritmo do crescimento da vegetação. No regresso optamos pelo caminho que o Padre Fontes publicou no seu site e que seria o caminho de Fr. Gonçalo Coelho:
"Saia do Eiró, largo social da aldeia, beba na fonte ao lado, abasteças-se de pão, presunto, chouriça, um cajado e bom calçado, de borracha, se for a pé. Pode também ir de carro, ou a cavalo. Passe pelo forno do povo, todo coberto a granito e compre lá uma broa escura que sabe pela vida. Dirija-se ao alto da aldeia, pela casa fiscal, pela ribeira de Valongo. Pode ir de carro até à fraga de espinheira. Siga a pé, atravesse a ribeira dos Fornos, contorne a Fraga de Burzaleite(1413) e está em Fonte Fria. Suba fácil até aos píncaros e cornos de Fonte Fria, 1456 m, que também fazem fronteira com Espanha. Veja as enormes fragas de Espinheira, Burzaleite, Carvalhosa, Roca Sandeia. Faça escalda com amigos. Cheire a vegetação de aroma intenso, a urze rocha, a giesta branca e amarela, o sabugueiro, a carqueija. Entre Maio e Julho, descubra a 1500 m, os lírios do Gerês, únicos no mundo. Beba água em todas as fontes, coma arandos entre as fragas, apanhe chás dos melhores do mundo, de hipericão, de carqueija, giesta banca, urze, abetónica, teixo, erva erótica da Rita, etc."
Não subi aos píncaros. Fiquei-me na "segurança" de uma plataforma na face Norte a menos de 2 metros do topo. A subida até teria sido fácil, mas não confiei na descida. Numa nova oportunidade talvez me cresçam as asas de Ícaro...
Na aldeia cumpri os rituais de comprar pão e lanchar no Preto. Já tive a sorte de comer pão de Pitões cozido no forno da aldeia, mas agora é feito numas instalações na zona alta da aldeia.
No Preto ficamos um pouco a conversar com os donos do restaurante sobre a história de Pitões e temas da actualidade. A zona é cada vez mais procurada para caminhar e o restaurante é um ponto de encontro de todos os caminheiros. Grupos de estrangeiros fazem da Casa do Preto base para dias de caminhadas na região. Chegam a estar 5 dias em Pitões. Os trilhos que fazem são basicamente os que todos fazemos e cada vez menos se percebe a sanha persecutória com que nos ameaçam. Um Parque Nacional existe para ser visitado e para ser usufruído. Fechado não interessa a ninguém. Não tenho nada contra a regulação, mas nunca perceberei a proibição ou taxação. Principalmente se ela tiver motivações unicamente económicas/orçamentais ou para interesses de actividades comerciais.
5 comments:
Olá Louro,
Gostava somente de comentar as frases finais do teu post... "Um Parque Nacional existe para ser visitado e para ser usufruído. Fechado não interessa a ninguém. Não tenho nada contra a regulação, mas nunca perceberei a proibição ou taxação. Principalmente se ela tiver motivações unicamente económicas/orçamentais ou para interesses de actividades comerciais."
Das duas uma: ou realmente não sabes a razão pela qual o PNPG impõe a proibição de caminhar naquela zona (Cornos da Forna Fria), ou ignora-as deliberadamente quando fazes esta afirmação. A razão é bem conhecida de todos, ou pelo menos daqueles que não a ignoram. E neste caso ignorar é ter conheciemnto de qual é a proibição. Eu sei que tu sabes qual a razão da proibição de se caminhar aqui.
Dizer que um Parque Nacional fechado não interessa a ninguém é não compreender o que é um parque nacional e minorizar os valores defendidos. Sabes muito bem que muitos parques nacionais em muitos países têm grandes áreas fechadas. Por um lado, dizes que nada tens contra a regulação, mas por outro és contra a probição ou não a percebes. Se questionares o PN sobre a proibição de certeza que eles te explicam, como tu bem sabes.
Infelizmente, como muita gente o sabe, o problema é mais vasto do que o colocar em questões simples. No entanto, a grande maioria prefere viver na «auto-ignorância» negando aquilo por que aparentemente havia lutado.
Rui, o que escrevi já o li em documentos realizados para o ICNB por entidades externas a propósito de visitação da AP's. A verdade é mesmo essa, um parque fechado não serve para nada. Ordenar a visitação é muito diferente de proibir. Proibir é simplesmente mais fácil. Sobre outros Parques basta que me digas qual é a área onde não se pode caminhar do lado Espanhol? Sempre que fui à sede do Parque em Lóbios apenas me referiram a zona de Salgueiro como de acesso condicionado (e o que há é um limite diário por inscrição).
Presumo saber a que te referes no comentário quanto à justificação para a alegada proibição sobre a qual na realidade tenho sérias dúvidas. É que os grupos fazem de Pitões base para 5 dias de caminhada são acompanhados por guias. Como imaginas não ficam os dias a visitar o Mosteiro e até me disseram que trilhos fazem. Presumo que tratam de todos os aspectos legais e burocráticos. Não estou a imaginar um grupo que vem da Holanda para caminhar corra o risco de ser parado por um vigilante. Na verdade já as encontrei e muito longe dali (junto à Nevosa). Não sei se já conversamos sobre isso, mas não tenho a certeza. Dizem que a sua origem foram animais que fugiram de Salgueiros e de um cercado em Sta Eufémia. Sendo assim não deveria ser toda a fronteira desde a Portela do Homem à Portela de Pitões ...
Relativamente à actividade que fizemos entendo que se enquadra no espírito do novo POPNPG e com o actual zonamento.
A minha referência ao Parque é muito mais global do que a área visitada. Surge na sequência da conversa sobre os tais grupos que fazem de Pitões base para caminhar. A questão é: se uns podem, não podem os outros? Eu até acho que o POPNPG ao diferenciar as Actividade desportiva ou recreativa (qualquer actividade de carácter físico ou lúdico, realizada em regime individual ou colectivo, não envolvendo iniciativas de mobilização do público – o que fizemos) dos Evento desportivo ou recreativo (qualquer actividade desportiva ou recreativa que envolva iniciativas de mobilização de público – o que os tais grupos fazem) esteve bem.
Concordo contigo sobre o problema ser mais basto e muito mais complexo. Acredito que muito mais do que imaginamos. Mesmo o enquadramento jurídico oferece muitas dúvidas. Um amigo meu recebeu de um Procurador todas garantias que poderia caminhar por onde quisesse. Eu fico com as minhas dúvidas, mas de leis sei o que sei. Para já sigo o conselho que recebi na sede do parque quando procurei realizar actividades organizadas e percebi o embaraço burocrático do lado de lá. Percebo a tua posição e respeito-a. Entendo, no entanto, que é diferente realizar uma actividade com mobilização de públicos e sem mobilização de públicos. Eu simplesmente não participo em actividades com mobilização de públicos dentro do PNPG sem perceber o seu enquadramento. As tuas são das poucas excepções que conheço. No entanto, continuarei a caminhar informalmente e em grupos restritos (sempre menores que 15).
Viva Louro!
Um parque fechado serve para conservar e como deves compreender, cada facção fará o estudo que lhe der os resultados que convém. Neste mundo existem muitos parques nacionais fechados onde a visitação tal como a fazemos é simplesmente impossível, e daqui vem a definição de parque fechado. Por outro lado, existem mesmo áreas onde nem mesmo a visitação ordenada seja permitida. Não disse que do lado espanhol não se podia caminhar (mesmo assim o exemplo que referes é suficiente), mas em Espanha existem áreas protegidas onde o acesso é controlado, como em Doñana.
É óbvio que proibir é fácil. Agora convém compreender como é que essa proibição é feita. Nota, dizes bem que as cabras (factor que levou à proibição nos Cornos da Fonte Fria) fugiram de um cercado na zona de Sta. Eufémia e que se espalharam por toda a raia protegida. Nesta zona, uma das áreas mais propícias à sua reprodução terá sido a Fonte Fria. É isto que se quer proteger, isto é deixar a espécie evoluir naturalmente durante um certo período de tempo. Nota que o actual POPNPG prevê o isolamento de áreas fora das ZPT mesmo encontrando-se em ZPC, como é o caso.
Deves saber que as empresas de animação turistica têm acesso, por exemplo, ao estradão para os Carris, pois só assim podem publicitar actividades para aí (como podes ver no Parque de Campismo de Cerdeira). Os exemplos que dás são pertinentes. Tenho sérias dúvidas que o acesso às ZPT sejam pertidias em actividades de montanhismo e de certeza que os holandeses estariam ilegais nessas áreas.
A actividade que fizeste pode-se enquadrar no espírito do novo POPNPG, mas este novo POPNPG não está em vigor. Mas violaria os termos do actual POPNPG? Dúvido, caso tenhas feito uma caminhada individual. Agora, em grupo a coisa é diferente.
Em relação às garantias dadas ao teu amigo, garanto-te que não estão correctas. Se a lei diz que não podes caminhar em certa zona que pertence ao estado (e nota aqui a diferenciação), então não podes mesmo, ponto final! Não sei onde estará a diferença em relação à definição de uma ZPT prevista na lei (neste caso no POPNPG). Não sei se será um bom exemplo, mas podes entrar livremente numa prisão, num quartel militar, numa zona militar? Não me parece.
O problema que deparamos agora é que muitos dos que negavam taxas e pediam regras, se esforçam mais em, tal como já alguém referiu e bem, arranjar formas de contornar o problema do que tentar enfrentá-lo. Eu se pedir uma autorização para uma caminhada em grupo e se obtiver uma resposta negativa, simplesmento obedeço e parto para outra. E isto acontece com o grupo restrito com o qual costumo caminhar. Se notares, todas as caminhadas organizadas por mim têm um número máximo de 10 pessoas, pois era incapaz de levar 50 pessoas para o meio da serra. Quero dizer com isto que é necessária também uma auto-regulação, as pessoas têm de saber o que podem ou não fazer.
Se as pessoas se interessassem mais em resolver o problema que nos afecta, podes ter a certeza que este já estaria resolvido e não andariamos aqui a «brincar» ao esconde - esconde ou a fugir ao SEPNA ou aos Guardas da Natureza.
Abraço!
Rui C. Barbosa
Braga
Viva Rui,
Quanto às ZPT totalmente de acordo, mas elas precisam de ser definidas com critério equilibrado. Que eu saiba neste momento existem 3 (duas delas arderam nos últimos 5 anos) e estão muito longe da Fonte Fria. Eu quando falo em parque fechado, o que quero dizer é que não concebo uma AP que não faça da promoção da visitação uma prioridade e o promova à categoria de problema. Não estou a dizer que tudo que tudo e em qualquer momento possa ser visitado. Entendo também que temos de ter consciência dos enquadramentos e dimensão. Não estamos no Yellowstone ou nos bosques da Finlândia, estamos numa zona com séculos de povoamento e é preciso respeitar esse enquadramento. Há um artigo científico giro de ler (http://www.sisgeenco.com.br/sistema/encontro_anppas/ivenanppas/ARQUIVOS/GT3-268-67-20080424100055.pdf?PHPSESSID=ed8af835ef4d4bca85df2d5bd723b059) sobre o PNPG. Repara nos autores, um deles deves conhecer.
Quanto às cabras, como sabes elas não vieram só de Sta Eufémia. Vieram também da zona de Salgueiro. Foi nesta zona que o parque espanhol instalou o primeiro cercado e é a única zona condicionada no lado espanhol. Julgo que há um limite de vinte e tal visitantes dia. Percebes a diferença? Eles que até estão a reintroduzir a cabra.
Eu, como tu não gosto de ver pessoas a caminhar como espírito de romaria ou das caminhadas ao entardecer. No entanto, sem uma pedagogia da montanha como é que mudas as pessoas? E para essa pedagogia funcionar uma política coerente de visitação é fundamental.
Quanto ao novo POPNPG, aguardo a sua versão final. Parece-me é que há uma factor que não estas a ter em conta e que é importante. A mobilização de públicos é diferenciadora. Se eu estiver no PNPG e acordar com vontade de fazer uma caminhada tenho que enviar um fax e esperar resposta? É que foi assim que caminhei. Falei com um amigo no dia anterior para combinar, ele telefonou a outros e acabamos por nos juntar a um grupo onde apenas conhecia uma pessoa.
Compreendo e concordo com a maior parte do que dizes.
Referes que "Se eu estiver no PNPG e acordar com vontade de fazer uma caminhada tenho que enviar um fax e esperar resposta?" Se as coisas funcionassem como deveria ser e se nós fossemos um povo habituado a respeitar as regras, esta questão não se colocava. Por outro lado, se as portas tivessem autonomia para conceder autorizações, a questão também não se colocava.
Porém, temos de tentar viver com as regras que temos agora. Todos fazemos para nos comportarmos o melhor possível e de acordo com o que a nossa consciência nos manda. E tu sabes bem, sem apontar o dedo a ninguém (pois acho que ficaria com cãibras), que há muito gente que não se comporta assim...
Abraço!
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