Sunday, January 11, 2009

Parques e Populações 5

(Publicação faseada do artigo)


PNPG: história, aspectos socioculturais e biodiversidade


O PNPG é a única AP inserida na categoria de Parque Nacional no território português. Criado em 1971, possui uma área de extensão que totaliza 69.687 ha, dos quais a menor porção pertence ao Estado e o restante está dividido entre terrenos baldios e áreas privadas. Está localizado no extremo Norte de Portugal (Figura 1), englobando os distritos de Viana do Castelo (Concelhos de Melgaço, Ponte da Barca e Arcos de Valdevez), Braga (Concelho de Terras de Bouro) e Vila Real (Concelho de Montalegre) e compreende quatro serras: Peneda, Soajo, Amarela e Gerês. Foi criado com os objetivos de valorizar a figura humana e os recursos naturais ali existentes, com fins ainda educativos, científicos e, por causa de sua inconfundível beleza cênica, o turismo. É um “Parque para a Paz”, pois faz fronteira com o Parque Natural Baixa Limia-Serra do Xurés, AP localizada no território espanhol.

Os homens, mulheres e crianças viviam até pouco tempo num sistema de alternância de moradia (transumância), onde o fator preponderante era a condição climática. Esta característica era mais visível na Serra da Peneda, particularmente na Freguesia de Castro Laboreiro, mas ao longo dos anos, por conta dos processos de abandono do campo pelas populações mais jovens e, como conseqüência, o envelhecimento da população remanescente, as famílias têm definido apenas um lugar para viver e passar todo o ano, seja inverno, seja verão. Para este sistema de moradia alternada, chamam-se brandas os lugares mais altos da serra e inverneiras as áreas de vales (GERALDES, 1996).
Como na primeira metade do século XX houve um processo migratório muito intenso, onde principalmente os homens partiam para países como França, Brasil, Suíça, Canadá, Alemanha e Austrália, em busca de uma vida melhor, muitos regressavam ricos, outros nem sequer voltavam à terra-natal, ficando muitas vezes as mulheres com a tarefa de criar os filhos e cuidar da propriedade, além de assumirem a condição de viúvas de maridos que nunca retornaram. Por este motivo, a figura da mulher se tornou muito presente nesta região, marcada pela força, coragem e pelo determinismo de dar continuidade ao sistema familiar.

As principais atividades econômicas são a agricultura, a pecuária, a apicultura e o artesanato. Os cereais são a principal produção agrícola, que são guardados numa construção típica da região, conhecida como espigueiro. Por conta da geologia do lugar e das condições adversas, o centeio e a batata, pelo menos até a década de 1990, eram as principais, se não as únicas, produções agrícolas (GERALDES, 1996).

A biodiversidade é caracterizada pela presença de carvalhos, que podem ser classificados como alvarinho ou negral, de acordo com a altitude de ocorrência. O primeiro, Quercus robus, encontra-se em regiões de baixa altitude, em vales quentes. Além dos carvalhos estão presentes a gilbardeira (Ruscus lusitanica), o medronheiro (Arbustus unedo) e o azereiro (Prunus lusitanica). O segundo, o carvalho-negral (Quercus pyrenaica), pode ser visto em áreas de grande altitude, bem como o mirtilho (Vaccinium myrtillus), o azevinho (Ilex aquifolium), o vidoeiro (Betula celtiberica), o teixo (Taxus baccata). Como representantes da fauna, encontram-se nesta AP muitas espécies de peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos, além de inúmeros representantes de invertebrados. São alguns exemplos de vertebrados o corço (Capreolous capreoulous), animal símbolo do Parque.

Figura 1: Mapa do PNPG destacado em verde, mostrando as Serras da Peneda, do Soajo, Amarela e do Gerês. Fonte: www.geira.pt.

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