Wednesday, January 14, 2009

Parques e Populações 9

(publicação parcial do artigo)
Diálogo Populações x Parque

Uma questão emergente, que tem sido discutida com ênfase no cenário mundial, é a dificuldade que grande parte dos profissionais que trabalham em conservação da natureza tem para estabelecer um diálogo com os atores locais. Essa limitação muitas vezes poderia ser minimizada se durante a formação desses profissionais as Universidades considerassem que a conservação não se faz apenas com conhecimento científico, nem no interior de gabinetes ou laboratórios, mas também diretamente com as populações humanas, muitas vezes convivendo com elas e percebendo a complexidade de seus modos de vida. Diversas experiências em AP’s e fora delas, em várias regiões do mundo, têm demonstrado o relevante papel do diálogo entre as populações e as Instituições que lidam com a conservação dos ecossistemas. E esse exercício não é fácil. Muitas vezes só o tempo e as experiências vivenciadas é que trazem potenciais estratégias de mudança em prol da conservação. Principalmente para os profissionais da área de Ciências Naturais, essa carência é sentida mais de perto. Em outras ocasiões, esse distanciamento entre populações e as equipes de profissionais da conservação, pode ser apenas uma questão de postura político-filosófica. Assim, a arrogância e o comportamento de superioridade só contribuem negativamente para os avanços. Neste sentido, o bom senso deve falar mais alto. A timidez e a falta de vocação para lidar com as comunidades, podem se apresentar como barreiras para o corpo técnico que lida com conservação. Assim, há que se reconhecer tais fragilidades e tentar contorná-las pelos meios possíveis, tais como contratação de pessoal com perfil mais sistêmico, a promoção de cursos de formação e mesmo o contato direto com diferentes realidades existentes.

A divulgação permanente do PO junto aos diferentes grupos sociais, a sensibilização e o estreitamento na relação Parque x residentes, são requisitos essenciais para tornar o caminho da conservação da natureza menos longo em AP’s habitadas por populações humanas.

Para solucionar, ou talvez minimizar tais problemas, profissionais que atuam diretamente em AP’sdeveriam passar por cursos de formação na área de Sociologia, Educação ou Antropologia, para perceber métodos e técnicas existentes que facilitam a comunicação entre estes e a sociedade em geral. Não somente essa preocupação tem que se dar nos níveis da oralidade, dos métodos e das posturas, mas também da escrita. Como diz Pombo (s.d.), é preciso olhar e ver a floresta e não apenas as árvores. Muitas experiências bem sucedidas em conservação da natureza passaram a ser realidade na América do Sul e em outras partes do mundo depois que as comunidades locais se tornaram parceiras, reduzindo drasticamente os conflitos. Dessa forma, por um lado os habitantes sentem-se importantes e desenvolvem o espírito de cooperação, e os investigadores, que geralmente estão acostumados a enxergar apenas o seu “objeto de estudo”, passam a encarar o processo de outra maneira, a partir de uma concepção mais sistêmica.

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