Quem já fez o PR2 da CM de Terras de Bouro 'Trilho do Castelo' começa com alguma ilusão de encontrar na serra os vestígios do Castelo de Bouro. Eu, apesar de nunca os ter encontrado, fiquei convencido de ter estado no local. Sabendo de que se tratava de um "castelo roqueiro" abandonado desde o século XVI, atribuí aos meus poucos conhecimentos de arqueologia não conseguir confirmar a sua localização. Recentemente, numa publicação da CM de Terras de Bouro - "Memórias e Imagens de Terras de Bouro Antigo", de José Viriato Capela, li uma interessante descrição do castelo pelo abade de Chamoin de 1758 e percebi que poderia ter procurado no local errado. Ainda que apenas apoiado em fontes bibliográficas, estou convencido que o local indicado no mapa do trilho não corresponde à localização do Castelo. Numa próxima caminhada pela zona espero poder confirmar a minha suspeita.
Uma descrição do castelo de Luis Fontes (arqueólogo):
"Amplamente referenciado nas Inquirições de 1220 e de 1258, em relação ao qual praticamente todas as freguesias das cercanias tinham pesadas obrigações e encargos, o castelo de Bouro foi durante toda a Idade Média um ponto estratégico de defesa do acesso ao vale alto do rio Homem. Com a Portela da Amarela e a Portela do Homem, o castelo de Bouro constituia um triângulo de vigilância e defesa da importante via de comunicação de origem romana que penetrava no interior galego, a célebre "Jeira", a via XVIII do Itinerário de Antonino que se manteve em uso até bem entrada a Época Moderna. O castelo, uma construção elementar, aparentemente estruturada à base de madeira, que tinha que ser refeita praticamente todos os anos, foi erguido no topo do monte onde se aglomera um denso caos de blocos, a mais de 950 metros de altitude, numa implantação que, podendo considerar-se paisagisticamente espectacular, terá obedecido sobretudo a interesses geo-estratégicos. Daí se domina todo o curso do rio Homem, em particular o seu troço alto e a ligação natural ao vale do rio Cávado pelo talvegue Covide / Rio Caldo. A fortificação, de que apenas restam alguns panos muito derrubados da cerca que fechava os espaços entre os enormes blocos graníticos, deverá datar de finais do século XII e princípios do século XIII. Terá conhecido uma ocupação recorrente mas não permanente, servindo sobretudo em períodos de conflito. Pelas tipologia construtiva e de implantação fisiográfica, trata-se de um característico castelo dos primórdios da nacionalidade, igual a tantos outros que então se ergueram no Entre Douro-e-Minho no cume dos montes mais proeminentes. Com os desenvolvimentos modernos da arte da guerra, nomeadamente a difusão do uso da artilharia a partir do século XVI, o castelo de Bouro deixou de ter qualquer importância militar, devendo datar desse período o seu abandono. Do ponto de vista arqueológico o monumento está mal conservado."