Participei recentemente num congresso em Espanha que me deu a oportunidade de constatar, mais uma vez, as diferenças e semelhanças entre os nossos dois povos. E aqui fico com um problema porque continuo a olhar Espanha como um todo. Só que Espanha por vezes insiste em mostrar-se por partes. Nas conversas informais ficava por vezes surpreendido com a natureza de algumas questões. Há no debate político e social em Espanha coisas que só dificilmente compreendo. O facto de ser de um país com uma identidade nacional com séculos de história dificulta-me o entendimento da questão basca, catalã ou galega. E já nem falo do terrorismo, mas sim dos pequenos episódios que estes nacionalismos despertam. Ver as grandes questões reduzidas aos pequenos nadas que afectam o nosso quotidiano, é ver as grandes questões reduzidas a pormenores burlescos.
É talvez aí que nos sentimos um pouco melhor porque no resto saímos sempre a perder. Sem querer ferir o orgulho pátrio, Espanha ganha-nos aos pontos em quase tudo. É um país mais moderno, menos preso aos formalismos e muito mais prático. Há um exemplo que pela sua actualidade merece ser citado. No último concurso de acesso ao ensino superior a maioria das universidades tinha já os cursos segundo Bolonha e até ao final deverão estar a totalidade nos novos currículos. Portugal é até apontado como um bom exemplo pela Comunidade Europeia. Espanha só em 2010 pretende passar para os novos currículos. Sem pressas, está a fazer uma revisão tranquila. Como "depressa e bem, há poucos quem" não é complicado imaginar quem fará melhor esta passagem. Portugal condicionou os currículos aos novos normativos sem discutir suficientemente as vantagens e inconvenientes das diversas opções. Simplesmente cortou e colou para a nova bitola. A Espanha, ao contrário, sem pressas, prepara e discute esta oportunidade. Se Portugal é o "bom aluno" da Declaração de Bolonha, é a Espanha que aprende com ela. É a diferença paroquial de ser o primeiro em oposição à opção de estar entre os melhores. A mim não me importa que Portugal seja pequeno, só me importa que seja pequenino.
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