Tuesday, December 26, 2006

Natal UPB

Fui, com o UPB, comer Bolo-rei ao Alto da Pedrada, o ponto mais alto do Alto Minho. O que é uma boa sucessão de altos para descrever a caminhada. O Alto da Pedrada (1416 metros), na Serra da Peneda, a quem outros preferem chamar Serra do Soajo, é um dos pontos mais elevados do PNPG. É um pico despido de vegetação, de fácil acesso, a que qualquer praticante de pedestrianismo acede sem muitas dificuldades. A vista que se observa do topo é, em “upbês” soberba e vale o esforço da subida. Lamentavelmente, em Agosto passado, a zona sofreu um fogo florestal e em certas zonas já não é tão agradável caminhar. A caminhada tinha ainda dois atractivos suplementares: celebrar condignamente o Natal com Bolo-rei e Porto num dos locais mais altos do PNPG e ser a 100ª caminhada do UPB.

A manhã estava fria, como testemunhava o gelo na estrada, que ainda me convidou a uma dança atrevida, e fui dos últimos a chegar à Travanca. Comecei a subida com um grupo mais pequeno e só encontrei os restantes mais tarde. A subida ao Alto da Pedrada foi a primeira caminhada que fiz com o UPB, e já a tinha repetido. Recordo-me da beleza do antigo caminho, em laje, que inicialmente ligaria a branda da Travanca às restantes brandas a cotas superiores. Uma subida realizada, numa primeira fase, na sombra protectora de uma mata muito bonita e depois em prado aberto. Digo recordo-me porque parte dela já não existe. O fogo de Agosto consumiu parte da mata protectora. Nos pontos de paragem, procurava nas minhas memórias as imagens de antes, mas não era fácil imaginá-las.

Com todo o grupo reunidos, que encontrámos no prado no sopé do Guidão, continuámos a subida. Ultrapassada a maior dificuldade da caminhada, uma curta mas intensa elevação, o grupo dirigiu-se ao ritmo das conversas para o destino final. O dia era de grande descontracção e dava tempo para tudo. No Alto da Pedrada, entre as fotos da praxe, o Bolo-rei e o Porto, ficámos um pouco a identificar os pontos no horizonte e a marcar os próximos destinos. Almoçámos no “Vale Encantado”, assim baptizado pelo Sherpa, uma antiga branda junto ao Guidão que suponho chamar-se Branda da Cova. Ficámos imenso tempo na conversa aproveitando o sol que se fazia sentir e no final o Águia-Real surpreendeu-nos com café.

Na descida aproveitei o facto de o fogo ter descoberto os cortiços da Branda Currais Velhos para a visitar mais demoradamente. Entrei num dos cortiços. É um dos maiores que conheço e possui uma porta de grandes dimensões. Já tinha reparado nele nas anteriores caminhadas mas agora está muito mais visível. No conjunto há muitos mais cortiços do que julgava. Esta branda é uma boa testemunha das mudanças que o plano de florestação introduziu nas populações de montanha. Os prados da zona deveriam ser baldios que foram depois florestados. Os efeitos nas populações devem ter sido enormes e as gerações mais velhas ainda devem ter disso ecos. Um amigo disse-me uma vez que essa era uma das causas ocultas dos fogos florestais. Eu não acredito. Parece-me demasiado desculpabilizante - "as populações não gostam da floresta". E o resto?

Já nos carros decidimos que procurar uma “sopa”. Recordei-me de uma das minhas experiências mais engraçadas nos Arcos de Valdevez quando vim com uns amigos da universidade “contratar” o Delfim, célebre cantador ao desafio. Sendo o mais novo do grupo praxaram-me com umas malgas de verde e “iscas” que me alegraram a viagem até Braga. Ofereci-me como guia e com algumas indicações não foi complicado encontrar a tasca do Delfim. Infelizmente não estava, mas a esposa serviu de amostra. O local é um verdadeiro laboratório social do Minho. Vale a pena visitar.


fotos da caminhada

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